quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Aquele das dores do câncer

A esfera parou um segundo sua rotação:
Não sei se para sacudir o mundo
ou se para magoar meu coração.

domingo, 18 de outubro de 2009

Drummondiando

Certas palavras não podem ser ditas
em qualquer lugar e hora qualquer.
Estritamente reservadas
para companheiros de confiança,
devem ser sacralmente pronunciada
sem tom muito especial
lá onde a polícia dos adultos
não adivinha nem alcança.
Entretanto são palavras simples:
definem
partes do corpo, movimentos, atos
do viver que só os grandes se permitem
e a nós é defendido por sentença
dos séculos.
E tudo é proibido. Então, falamos.

Carlos Drummond de Andrade

E tudo é permitido. Então, não falamos.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Rumo: Oeste

Preguiçosa e indiferente a borboleta segue seu voo rumo a oeste. Não espera o sol, não prevê a direção do vento: segue voando, tentando e como sempre errando.

É frustrada a pequenina. Nunca olha, nunca espera, não se deixa entender; quando decide apostar, decide tentar deixar a música rolar, cai no mundo dos olhos que não a veem e nos beijos que são convencionais.

Não esperava uma ventania nem um beijo de novela, mas "oi, você fica até mais tarde?" definitivamente não satisfaz a voadora errante.

Rumo a oeste, oeste para ver o sol nascer no leste nas águas atlânticas, talvez um pouco turbulentas - mas isso vai depender do quão empenhada estará nas memórias ocidentais.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Bem parece a guerra a quem não vai nela

As lembranças sempre são um prato cheio para nossas vidas. Através delas nós sorrimos, choramos, telefonamos, escrevemos e vivemos. É porque nos lembramos que sabemos quem somos. As lembranças são nossas maiores aliadas, mesmo quando lembramos apenas a parte que nos interessa.

Se tenho uma amiga, só a tenho porque me lembro do que vivemos, do que falávamos, de como nos abraçávamos. Não saberei quem ela é se não reconhecer a sua aparência, nome, cheiro. Sem o reconhecimento/lembrança como saberei de toda essa amizade?

Os gaps jamais serão completados, os sorrisos tornar-se-ão fechados.

As quinhentas frases de consolo não são, e não serão, suficientes.

Bellum dulce inexpertis